Dicas de Saúde
Você sabe quem é o médico de família?
28/05/2024 às 11h38
Com a iniciativa de conscientizar e ampliar o conhecimento dos nossos beneficiários a respeito dessa especialidade médica, o Dr. Vitor Barreto, médico de família, coordenador da APS do Fisco Saúde, respondeu a algumas perguntas frequentes sobre o tema:
O que é a Medicina de Família e Comunidade?
A Medicina de Família e Comunidade tem suas bases na Saúde Coletiva, na Medicina Preventiva e na Epidemiologia e na Clínica Médica. É a especialidade que cuida das pessoas ao longo do tempo, independentemente do problema de saúde, do sexo ou da idade.
Esse profissional visa o atendimento integral, de forma holística, contínua e abrangente, sendo especializado na Atenção Primária à Saúde. Ele deve ter uma boa comunicação e saber abordar as relações familiares e comunitárias para garantir um processo de saúde que vai além da ausência de doença. É preciso considerar todo o contexto do paciente - biológico, social, familiar, psicológico etc. Consequentemente, esse médico amplia o atendimento à família, envolvendo-se em atividades em grupo e intervenções com as demais esferas da comunidade.
Mesmo quando o paciente é encaminhado para outro especialista, o médico da família e comunidade deverá manter-se próximo e, se possível, coordenar as atividades da equipe para garantir o melhor resultado.
A Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade, como começou?
Os primeiros programas de Residência em Medicina de Família e Comunidade tinham o nome de Medicina Geral Comunitária e começaram em 1976, em Recife, Porto Alegre e Rio de Janeiro.
Anos depois, em 2002, fortalecida pela Estratégia Saúde da Família, a especialidade passou a ser denominada Medicina de Família e Comunidade, ao mesmo tempo em que os programas de Residência começaram a se expandir.
Como é atualmente?
Essa Residência possui acesso direto, ou seja, depois que o aluno de Medicina finaliza a graduação, ele já pode realizar a prova para entrar no programa, sem a necessidade de ter cursado outra especialidade como pré-requisito.
O programa dura 2 anos, com carga horária de 60 horas semanais e há possibilidades de estágios em outras áreas para direcionar o trabalho.
Segundo dados da Demografia Médica no Brasil, publicada em 2020, na última década, a Medicina de Família e Comunidade foi a especialidade que registrou o maior aumento no total de residentes, pulando de 181 vagas de R1 em 2010 para 1.031 em 2019. Isso representa um crescimento de 469,6%, cinco vezes mais do que o aumento médio do período (81,4%) em todos os cursos de Residência.
O que define a especialidade de Medicina de Família e Comunidade?
A Medicina de Família e Comunidade tem algumas particularidades e a gente vai falar um pouquinho mais sobre isso.
Para começar, ela é uma especialidade que não é definida pelo sexo do paciente, como por exemplo, a Ginecologia e Obstetrícia, que cuida apenas da saúde da mulher.
A Medicina de Família e Comunidade também não considera a idade do paciente, como é o caso do pediatra (que cuida apenas de crianças e adolescentes) ou do geriatra (que atua somente no cuidado aos idosos).
O médico de família também não trata de um órgão em especial, como é o caso, por exemplo, do cardiologista (que cuida de doenças do aparelho cardiovascular) ou do pneumologista (que cuida apenas das doenças do sistema respiratório).
Como especialidade, a Medicina de Família e Comunidade se define pela relação com a pessoa. Simplificando: o médico de família é especializado em gente.
Nesse sentido, a relação precede o conteúdo clínico.
Hum… Mas quais condições de saúde e doenças o médico de família pode tratar?
O médico de família e comunidade é apto para abordar as condições de saúde mais prevalentes. Na prática, isso significa que ele pode tratar cerca de 80 a 95% dos problemas de saúde sem necessidade de fazer encaminhamentos para outros especialistas.
Por esse motivo, é possível afirmar que o médico de família e comunidade é um generalista.O médico de família tem papel essencial na medicina preventiva e pode atender crianças, adultos, idosos, independente do fato de serem do sexo masculino ou feminino.
Portanto, ele pode realizar o acompanhamento de seus pacientes ao longo de suas vidas e não apenas de forma pontual ou por uma determinada fase.
Além disso, o médico de família e comunidade pode realizar o tratamento de doenças como a diabetes e a hipertensão, mas também fazer prevenções urológicas, ginecológicas e até acompanhamento pré-natal.
O médico de família é como um clínico geral?
Sim e não. Sim, porque clínicos gerais também são generalistas. Porém, sua formação é predominantemente voltada para o contexto hospitalar, em geral de pacientes adultos, não envolvendo questões específicas de saúde da mulher ou da criança.
Já na Medicina de Família e Comunidade, a formação é predominantemente não hospitalar e engloba o atendimento a crianças, gestantes, adultos e idosos. Essa é a principal diferença entre médico de família e clínico geral.
Uma formação não hospitalar é chave para abordar uma variedade de sintomas e condições clínicas que simplesmente não chegam aos hospitais e exigem uma abordagem terapêutica diferente da comumente aplicada nestes locais.
O que significa o termo “Família e Comunidade”?
Como o médico de família tem formação predominantemente não hospitalar, é fundamental que ele aborde o contexto da pessoa.
Assim, um casamento repleto de conflitos, a dificuldade de um casal diante dos cuidados do primeiro filho ou o adoecimento de um chefe de família, entre outros exemplos, têm profundas implicações na saúde das pessoas.
Problemas como assédio moral em ambientes de trabalho ou bullying escolar são exemplos de outros aspectos que envolvem o contexto comunitário da pessoa e que também se refletem na sua saúde.
O médico de família e comunidade entende esse processo e pode aplicar técnicas de abordagem familiar e psicoterapia que levam em consideração o contexto familiar da pessoa.
Na Medicina de Família e Comunidade, cada pessoa é vista como um todo e não é tratada apenas em relação aos seus sintomas ou às suas doenças.
Assim, os sentimentos, o contexto social e familiar e perspectivas pessoais são levados em conta pelo médico de família no atendimento e, consequentemente, no cuidado e nas recomendações que ele propõe. Dessa forma, cada paciente recebe um tratamento personalizado e efetivo.
Além disso, o médico de família e comunidade pode promover ainda algumas intervenções comunitárias, como parcerias com setores como educação e serviço social, para lidar necessidades de saúde de uma determinada comunidade.
Resumindo: o médico de família é especialista em pessoas
Por tudo isso que falamos, se fosse necessário explicar de forma resumida o que o médico de família e comunidade faz, seria possível afirmar que ele é um especialista em gente, pois se define pela relação com a pessoa e não pela idade, sexo ou órgão acometido.
O médico de família tem formação generalista, resolvendo cerca de 80 a 95% dos problemas de saúde sem necessidade de encaminhar os pacientes para outros médicos.
No entanto, quando ele precisa do suporte de outros especialistas para solucionar algo, o médico de família faz o encaminhamento adequado, mas permanece acompanhando seus pacientes.
Assim, ele coordena o cuidado dos pacientes no sistema de saúde, sempre levando em consideração o contexto nas questões relacionadas à saúde.
Alguns dos países que oferecem os melhores cuidados de saúde, como a Inglaterra, a Holanda, o Canadá e a Espanha têm o médico de família como figura central para oferecer cuidado de qualidade à população.
Agende uma consulta com um médico de família na Clínica APS do Fisco Saúde, por meio do telefone (81) 2102-5206, localizada na rua General Joaquim Inácio, 830 - Ilha do Leite, Recife-PE, Empresarial The Plaza, 12o andar, salas 1208, 1209, 1210 e 1211.